"Ainda que dentro de mim as águas apodreçam e se encham de lama e ventos ocasionais depositem peixes mortos pelas margens e todos os avisos se façam presentes nas asas das borboletas e nas folhas dos plátanos que devem estar perdendo folhas lá bem ao sul e ainda que você me sacuda e diga que me ama e que precisa de mim: ainda assim não sentirei o cheiro podre das águas e meus pés não se sujarão na lama e meus olhos não verão as carcaças entreabertas em vermes nas margens, ainda assim eu matarei as borboletas e cuspirei nas folhas amareladas dos plátanos e afastarei você com o gesto mais duro que conseguir e direi duramente que seu amor não me toca nem me comove e que sua precisão de mim não passa de fome e que você me devoraria como eu devoraria você ah se ousássemos."

Semana intensa, produtiva mas intensa, trabalho ok, saúde ok, família ok, amor...hum ok, já posso riscar o balancete da semana.
Semana essa que começou rídículamente besta, mas peguei finalmente meu carro na oficina, já não aguentava mais andar de bus, sim eu sou social, mas levantar mais cedo para ir a um ponto de ônibus, ver pessoas desconhecidas com aquelas caras amanhecidas e amassadas, umas até de bom humor com um sorriso contido, outras nem tanto e outras ainda babando em pé porque não acordaram, passar minutos esperando aquele veículo enorme amarelo que mais parace a visão do inferno chegar, você entrar e lá ficar mais minutos em pé, porque óbvio ele vai estar lotado, e você chacoalhar de um lado para o outro, grudado em outras pessoas, umas cheirosas e infelizmente umas tão fedidinhas, em plena 7:00 am, caos! Não eu sou social, mas nem tanto e isso amigo, ninguém merece...rs..Deus abençoe quem inventou o carro, amém!
Enfim, largando esses pormenores, tive uma tentativa frustrada de me sabotar essa semana, enfiei os pés pelas mãos, decidi egoístamente, sozinho, sem consultar à outra pessoa em questão, adiantei um fato que não aconteceu, achei que estava protegendo quando estava magoando, aquele erro besta e repetitivo que eu sempre faço que é afastar-as-pessoas-que-eu-amo-de-mim, em uma conversa com um amigo meu, ele me disse que isso é um ciclo vicioso, não duvido.
Mas falhei, ela não é como as outras, não está sendo como as outras em que eu chego, falo, vou embora e tudo bem, não, ela eu chego, falo, vou embora e me arrependo. E foi o que eu fiz, cheguei, falei, engasgado mas falei, com mais um não do que sim, mas falei, achando que tinha acabado e que tudo ia voltar ao normal.
Foi aí que eu me enganei, o dia começou horrível, aliás ele já tinha começado pra mim, já que eu fiquei de pé desde às 5 da manhã, fui trabalhar, e não rendi absolutamente nada, à noite não foi diferente, amarga, chata, ácida, triste...mas aí ela entrou, e a gente conversou, como adultos, graças, ela é adulta e madura, (e como eu gosto disso), e resolvemos. Conversar ainda é o melhor remédio depois do tempo.
É Lucas, essa coisa aí que chamam de amor anda te pegando meu velho, vai ter que aprender a ser gente agora, complicado...

Enquanto isso na sala da justiça:

"Você me deixa livre, diz que não tem ciúmes, eu gosto disso"
"E o mais engraçado é que eu me sinto livre e quando eu encontro alguém livre como eu, eu tenho vontade de que você me dê uma puxada"
"Uma puxada? Como assim vida?"
"Ah...tipo, falar que não gosta disso ou daquilo, sabe se sentir um pouco preso"

Ouvindo Paulinho Moska -Pensando em você.

Ps: eu devo estar com sintomas de amor , só pode, ouvindo musiquinha mimimi, falando asneiras já....mierda!